Saúde intestinal, bem-estar e mais: o papel essencial da serotonina no organismo
A serotonina, conhecida popularmente como o “hormônio da felicidade”, é…
Continuar lendoA serotonina, conhecida popularmente como o “hormônio da felicidade”, é um neurotransmissor fundamental para o bem-estar. Além de influenciar diretamente o humor, essa substância também desempenha um papel essencial na regulação do sono, do apetite e das funções cognitivas.
Curiosamente, cerca de 90% da serotonina do organismo é produzida no intestino. Isso significa que a saúde intestinal pode influenciar diretamente como nos sentimos diariamente.
Manter níveis adequados desse neurotransmissor é essencial para prevenir condições como depressão e ansiedade. Pesquisas indicam que a deficiência de serotonina pode estar associada a alterações no comportamento e no humor.
Portanto, compreender seu funcionamento e como influenciá-lo pode ser um passo importante para alcançar mais equilíbrio e qualidade de vida.
Quer saber mais sobre como a serotonina impacta seu corpo e sua mente? Continue lendo e descubra informações valiosas sobre esse neurotransmissor e sua influência no dia a dia.
A serotonina (5-hidroxitriptamina, 5-HT) é um neurotransmissor e hormônio derivado do aminoácido triptofano, amplamente distribuído no sistema nervoso central (SNC), no trato gastrointestinal e no sistema cardiovascular. No SNC, ela desempenha um papel essencial na regulação do humor, do sono, do apetite, da cognição e da resposta ao estresse (1, 2).
Além de sua função como neurotransmissor, a serotonina atua como um importante mediador fisiológico no trato gastrointestinal, influenciando a motilidade intestinal, a secreção de fluidos e a percepção sensorial.
Aproximadamente 90% da serotonina do organismo é produzida no intestino, onde também participa da comunicação entre o cérebro e o sistema digestivo por meio do eixo cérebro-intestino. Essa interação destaca a serotonina como um elemento-chave na regulação de diversas funções do organismo, indo além do sistema nervoso central (2, 3).
A serotonina é um neurotransmissor essencial que regula diversas funções tanto no sistema nervoso central quanto no trato gastrointestinal. Aproximadamente 95% da serotonina do organismo está presente no trato gastrointestinal, sendo 90% armazenada nas células enterocromafins (ECs), que liberam esse mediador em resposta a estímulos mecânicos ou químicos (4-6).
As células enteroendócrinas especializadas chamadas células enterocromafins (EC) são as principais responsáveis pela produção de serotonina no intestino. Essas células atuam como sensores do lúmen intestinal e podem responder a uma variedade de nutrientes ingeridos, bem como à microbiota intestinal e seus metabólitos associados (7).
Uma vez liberada na corrente sanguínea, a serotonina é rapidamente captada pelo transportador de serotonina (SERT) e armazenada nos grânulos densos das plaquetas, onde pode ser liberada conforme necessário (8).
Diferente de seu precursor, o triptofano, a serotonina não atravessa a barreira hematoencefálica. Assim, no SNC, ela precisa ser sintetizada localmente nos neurônios serotoninérgicos (9).
A atividade biológica da serotonina ocorre por meio da interação com diversos subtipos de receptores, classificados de acordo com suas estruturas, mecanismos moleculares e perfis farmacológicos. Esses receptores estão amplamente distribuídos pelo TGI, onde desempenham papéis fundamentais na regulação de funções sensoriais, motoras e secretoras (6).
O aumento da disponibilidade sináptica de serotonina no sistema nervoso central está associado ao humor elevado e à redução da ansiedade (10).
No trato digestivo, a serotonina liberada pelas ECs modula a motilidade intestinal, a secreção de fluidos e a percepção da dor visceral, atuando por meio do sistema nervoso entérico (SNE) e do sistema nervoso autônomo. O SNE, localizado nos plexos mioentérico e submucoso, pode operar de maneira independente do SNC devido à presença dos Neurônios Aferentes Primários Intrínsecos (IPANs), que coordenam respostas reflexas locais. Já a inervação extrínseca do intestino é mediada pelos sistemas nervosos parassimpático e simpático, integrando sinais entre o eixo cérebro-intestino (5).
Podemos resumir as principais funções da serotonina em:
Além disso, a serotonina medeia numerosos processos não neuronais, como função da bexiga, impulso respiratório, hemostasia, tônus vascular, função imunológica e inflamação intestinal (11-15).
Eu vi essa imagem abaixo num artigo e achei muito interessante. Conseguimos criar algo parecido ou seria muito complexo?
A serotonina é um importante neurotransmissor, fator de crescimento e hormônio que medeia uma série de funções fisiológicas (7). Desta forma, vários fatores podem afetar seus níveis no corpo (7, 16):
Dieta: A serotonina é sintetizada a partir do aminoácido triptofano, encontrado em alimentos como peru, salmão, ovos, tofu e nozes. Consumir uma dieta rica em triptofano pode aumentar a produção de serotonina. Além disso, a ingestão de carboidratos auxilia na absorção de triptofano pelo cérebro, potencializando sua conversão em serotonina.
Exercício físico regular: Atividades aeróbicas, como corrida, ciclismo ou natação, podem elevar a produção de serotonina no cérebro, contribuindo para a melhora do humor e do bem-estar geral.
Exposição à luz solar: A exposição diária à luz solar, especialmente pela manhã, pode aumentar a síntese de serotonina, regulando o humor e os ritmos circadianos.
Microbiota intestinal: Como aproximadamente 90% da serotonina do corpo é produzida no intestino, a manutenção de uma microbiota intestinal saudável é crucial. Uma dieta rica em fibras, frutas, vegetais e probióticos pode promover a saúde intestinal e, consequentemente, influenciar os níveis de serotonina. Leia aqui no blog sobre a importância do microbioma intestinal.
Genética: Variantes genéticas no gene transportador de serotonina (SLC6A4), podem afetar a função e a regulação desse neurotransmissor, influenciando a suscetibilidade a distúrbios do humor e outras condições.
Estresse e qualidade do sono: Níveis elevados de estresse crônico e privação de sono podem reduzir a produção de serotonina, afetando negativamente o humor e a saúde geral.
Síndrome carcinoide: A presença de tumores carcinoides está relacionada ao aumento dos níveis de serotonina.
Ao adotar um estilo de vida saudável que inclua uma dieta balanceada, exercícios físicos regulares e práticas de manejo do estresse, é possível promover a produção e a manutenção de níveis adequados de serotonina no organismo.
A serotonina está envolvida em diversas condições de saúde, atuando tanto no sistema nervoso central quanto no sistema gastrointestinal e hepático. Alterações em seus níveis têm sido associadas a distúrbios gastrointestinais, doenças neurológicas e psiquiátricas, além de condições hepáticas.
No trato gastrointestinal, a serotonina desempenha um papel essencial na regulação da dor visceral, da secreção e na ativação do reflexo peristáltico. Dessa forma, sua desregulação está diretamente ligada a distúrbios funcionais, como a Síndrome do Intestino Irritável (SII).
Além disso, a microbiota intestinal influencia a expressão do transportador de serotonina (SERT), o que pode contribuir para condições como a constipação crônica e afetar a comunicação entre o intestino e o cérebro (17-19).
No sistema nervoso central, a serotonina está fortemente relacionada a transtornos psiquiátricos, como ansiedade, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo e fobias (17, 18).
Estudos sugerem que a disbiose intestinal também pode estar associada a essas condições, uma vez que a microbiota intestinal pode modular a sinalização serotoninérgica e influenciar o desenvolvimento de transtornos como depressão maior e transtornos de ansiedade (20-23).
Além disso, a serotonina tem um papel importante no fígado, estando envolvida na progressão da fibrose hepática e na patogênese da esteato-hepatite.
Evidências indicam que a serotonina pode atuar sinergicamente com o Fator de Crescimento Derivado de Plaquetas (PDGF), estimulando a proliferação das células estreladas hepáticas (HSC), o que favorece processos fibróticos no fígado (8).
Assim, alterações nos níveis de serotonina, seja por disfunções no sistema nervoso central, por fatores gastrointestinais ou pela regulação da microbiota intestinal, podem contribuir para o desenvolvimento e a progressão de diversas doenças, como a SII e transtornos psiquiátricos (24).
Variantes em genes relacionados à serotonina, como receptores de serotonina e transportadores de serotonina e triptofano, estão associados a maior adiposidade e doenças metabólicas (25 -26).
Essas variantes influenciam o índice de massa corporal (IMC) (27), a circunferência da cintura (28, 29) e componentes da síndrome metabólica (29, 30).
Além disso, níveis elevados de serotonina periférica foram observados em indivíduos obesos, afetando o equilíbrio energético e o metabolismo da glicose (31). A disbiose intestinal também pode aumentar a expressão do transportador de serotonina (SERT), contribuindo para a obesidade e possivelmente para o diabetes tipo 2 (32).
O exame de serotonina é um teste laboratorial que avalia os níveis desse neurotransmissor no sangue ou na urina. Ele é utilizado para auxiliar no diagnóstico de algumas condições de saúde relacionadas a alterações na produção ou metabolização da serotonina.
O exame de serotonina pode ser solicitado em casos de suspeita de:
O exame pode ser realizado por meio da coleta de sangue ou urina. Em geral, recomenda-se evitar alimentos ricos em triptofano (como banana, abacaxi, nozes e chocolate) e certos medicamentos antes da coleta, pois eles podem influenciar os resultados.
A serotonina desempenha um papel essencial no bem-estar e na regulação de várias funções do organismo. A avaliação da serotonina pode ser uma ferramenta útil no diagnóstico de condições clínicas que afetam sua produção ou metabolização.
A SYNLAB realiza a quantificação da serotonina em amostras de soro e urina, exames que podem auxiliar na investigação de condições relacionadas ao metabolismo desse neurotransmissor.
Instruções para coleta da amostra: Para evitar interferências nos níveis de serotonina, recomenda-se evitar, por pelo menos 24 horas antes da coleta, o consumo de ameixas, frutos secos, chocolate, abacaxi, banana e mexilhões, tanto em sua forma natural quanto em produtos que contenham esses ingredientes.
Conheça o grupo SYNLAB, referência na prestação de serviços de diagnósticos médicos!
A realização de exames precisos e atualizados é essencial para diagnósticos mais assertivos e para o melhor direcionamento dos tratamentos. A SYNLAB está aqui para te ajudar.
Oferecemos soluções diagnósticas com rigoroso controle de qualidade às empresas, pacientes e médicos que atendemos. Estamos no Brasil há mais de 10 anos, atuamos em 36 países e três continentes, e somos líderes na prestação de serviços na Europa.
Entre em contato com a equipe SYNLAB e conheça os exames disponíveis.
Referências bibliográficas
1. Martin AM, Yabut JM, Choo JM. The gut microbiome regulates host glucose homeostasis via peripheral serotonin. Endocrinology. 2017,158:1049-1063.
2. Stasi C, Sadalla S, Milani S. The Relationship Between the Serotonin Metabolism, Gut-microbiota and the Gut-brain Axis. Current Drug Metabolism, 2019, 20, 646-655.
3. Lesurtel M, Soll C, Clavien Graf and PA. Role of serotonin in the hepato-gastroIntestinal tract: an old molecule for new perspectives. Cell. Mol. Life Sci. 65 (2008) 940 – 952.
4. Kim, D.Y.; Camilleri, M. Serotonin: A mediator of the brain-gut connection. Am. J. Gastroenterol., 2000, 95(10), 2698-2709.
5. Gershon, M.D. Serotonin and its implication for the management of irritable bowel syndrome. Rev. Gastroenterol. Disord., 2003,3(Suppl 2), S25-S34.
6. Stasi C, Bellini M, Bassotti G, Blandizzi C, Milani S. Serotonin receptors and their role in the pathophysiology and therapy of irritable bowel syndrome. Tech. Coloproctol.2014;18:613-21.
7. Jones LA, Sun EW, Martin AM, Keating DJ. The ever-changing roles of serotonin. Int J Biochem Cell Biol. 2020 Aug:125:105776.
8. Lesurtel, M.; Soll, C.; Humar, B.; Clavien, P.A. Serotonin: A double-edged sword for the liver? Surgeon. 2012;10(2):107-113.
9. Papadimas, G.K.; Tzirogiannis, K.N.; Mykoniatis, M.G.; Grypioti, A.D.; Manta, G.A.; Panoutsopoulos, G.I. The emerging role of serotonin in liver regeneration. Swiss Med. Wkly., 2012, 142,w13548.
10. Gershon MD, Tack J. The Serotonin Signaling System: From Basic Understanding To Drug Development for Functional GI Disorders. 2007;132(1):397-414.
11. Ramage AG. The role of central 5-hydroxytryptamine (5-HT, serotonin) receptors in the control of micturition. Br J Pharmacol. 2006;147(Suppl 2):S120–S131.
12. Eilers H, Schumacher MA. Opioid-induced respiratory depression: are 5-HT4a receptor agonists the cure? Mol Interv. 2004;4(4):197–199.
13. Kaumann AJ, Levy FO. 5-Hydroxytryptamine receptors in the human cardiovascular system. Pharmacol Ther. 2006;111(3):674–706.
14. Ghia JE, Li N, Wang H, Collins M, Deng Y, ElSharkawy RT, Cote F, Mallet J, Khan WI. Serotonin has a key role in pathogenesis of experimental colitis. Gastroenterology. 2009;137(5):1649–1660.
15. Li Z, Chalazonitis A, Huang YY, Mann JJ, Margolis KG, Yang QM, Kim DO, Cote F, Mallet J, Gershon MD. Essential roles of enteric neuronal serotonin in gastrointestinal motility and the development/survival of enteric dopaminergic neurons. J Neurosci.2011;31(24):8998–9009.
16. Disponível em: https://www.verywellmind.com/how-to-increase-serotonin-8738613?utm_source=chatgpt.com#toc-understanding-serotonin
17. Crowell MD, Jones MP, Harris LA, Dineen TN, Schettler VA, Olden KW. Antidepressants in the treatment of irritable bowel syndrome and visceral pain syndromes. Curr. Opin. Investig. Drugs, 2004, 5(7), 736-742.
18. Bellini M, Gambaccini D, Bassotti G. Comorbidities in functional gastrointestinal diseases: Do we need a lone ranger or a dream team? Dig. Liver Dis., 2016, 48(5), 562-564.
19. Cao H, Liu X, An Y, Zhou G, Liu Y, Xu M, Dong W, Wang S, Yan F, Jiang K, Wang B. Dysbiosis contributes to chronic constipation development via regulation of serotonin transporter in the intestine. Sci. Rep., 2017, 7(1), 10322.
20. Kelly, J.R.; Clarke, G.; Cryan, J.F.; Dinan, T.G. Brain-gutmicrobiota axis: Challenges for translation in psychiatry. Ann. Epidemiol., 2016, 26(5), 366-372.
21. Pigrau, M.; Rodiño-Janeiro, B.K.; Casado-Bedmar, M.; Lobo, B.; Vicario, M.; Santos, J.; Alonso-Cotoner, C. The joint power of sex and stress to modulate brain-gut-microbiota axis and intestinal barrier homeostasis: Implications for irritable bowel syndrome. Neurogastroenterol. Motil., 2016, 28(4), 463-486.
22. MacQueen, G.; Surette, M.; Moayyedi, P. The gut microbiota and psychiatric illness. J. Psychiatry Neurosci., 2017, 42(2), 75-77.
23. Malan-Muller, S.; Valles-Colomer, M.; Raes, J.; Lowry, C.A.; Seedat, S.; Hemmings, S.M.J. The gut microbiome and mental health: Implications for anxiety- and trauma-related disorders. OMICS, 2018, 22(2), 90-107.
24. Stasi, C.; Rosselli, M.; Bellini, M.; Laffi, G.; Milani, S. Altered neuro-endocrine-immune pathways in the irritable bowel syndrome: The top-down and the bottom-up model. J. Gastroenterol., 2012, 47(11), 1177-1185.
25. Bell CG, Walley AJ, Froguel P. The genetics of human obesity. Nat Rev Genet. 2005;6(3):221–234.
26. Walley AJ, Asher JE, Froguel P. The genetic contribution to non-syndromic human obesity. Nat Rev Genet. 2009;10(7):431–442.
27. Li P, Tiwari HK, Lin WY, Allison DB, Chung WK, Leibel RL, Yi N, Liu N. Genetic association analysis of 30 genes related to obesity in a European American population. Int J Obes. 2014;38(5):724–729
28. Rosmond R, Bouchard C, Bjorntorp P. Increased ¨ abdominal obesity in subjects with a mutation in the 5-HT2A receptor gene promoter. Ann N Y Acad Sci. 2002;967(1):571–575.
29. Halder I, Muldoon MF, Ferrell RE, Manuck SB. Serotonin receptor 2A (HTR2A) gene polymorphisms are associated with blood pressure, central adiposity, and the metabolic syndrome. Metab Syndr Relat Disord. 2007;5(4):323–330.
30. Kring SII, Werge T, Holst C, Toubro S, Astrup A, Hansen T, Pedersen O, Sørensen TI. Polymorphisms of serotonin receptor 2A and 2C genes and COMT in relation to obesity and type 2 diabetes. PLoS One. 2009;4(8):e6696.
31. Young RL, Lumsden AL, Martin AM, Schober G, Pezos N, Thazhath SS, Isaacs NJ, Cvijanovic N, Sun EWL, Wu T, Rayner CK, Nguyen NQ, Fontgalland D, Rabbitt P, Hollington P, Sposato L, Due SL, Wattchow DA, Liou AP, Jackson VM, Keating DJ. Augmented capacity for peripheral serotonin release in human obesity. Int J Obes. 2018;42(11): 1880–1889.
32. Yabut JM, Crane JD, Green AE, Keating DJ, Khan WI, Steinberg GR. Emerging Roles for Serotonin in Regulating Metabolism: New Implications for an Ancient Molecule. Endocr Rev. 2019 Mar 22;40(4):1092–1107.
A serotonina, conhecida popularmente como o “hormônio da felicidade”, é…
Continuar lendoVocê já sentiu desconforto após comer certos alimentos, como inchaço,…
Continuar lendoA dermatomiosite é uma doença inflamatória rara que afeta a…
Continuar lendo