Transtorno depressivo: o que é, como é seu diagnóstico e tratamento - Synlab Transtorno depressivo: seu diagnóstico e tratamento

Transtorno depressivo: o que é, como é seu diagnóstico e tratamento

Publicado por Synlab em 12 de setembro de 2024
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A depressão é um dos principais transtornos psiquiátricos que acomete indivíduos do mundo todo. Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas sofram da doença, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) (1).

 

A depressão pode ser causada por interações complexas entre fatores sociais, psicológicos e biológicos. Alguns eventos durante a vida, como adversidades na infância ou situações de grande estresse, podem contribuir ou desencadear o desenvolvimento da depressão.

 

Os sintomas de depressão mais comuns incluem (2, 3):

  • Tristeza persistente, irritabilidade ou vazio;
  • Falta de interesse ou prazer em atividades anteriormente gratificantes ou agradáveis (anedonia);
  • Alterações de sono e no apetite;
  • Cansaço;
  • Dificuldade de concentração e indecisão;
  • Sentimentos de inutilidade e desesperança.

 

Existem tratamentos psicológicos e farmacológicos disponíveis para depressão moderada e grave. No entanto, em países de baixa e média renda, os serviços de tratamento e apoio para a depressão são frequentemente inexistentes ou são subdesenvolvidos. Estima-se que 76–85% das pessoas que sofrem de transtornos mentais nesses países não têm acesso ao tratamento necessário.

 

Tipos de transtorno depressivos

Os transtornos depressivos podem ser classificados de acordo com o número e gravidade dos episódios, podendo ser leve, moderado ou grave (4). Também é verificado se o paciente apresenta algum histórico de episódios maníacos.

 

A depressão geralmente se apresenta de forma crônica, com recaídas, especialmente quando o transtorno não é tratado ou é tratado de forma inadequada. Além de muitas vezes ser incapacitante, a depressão pode levar ao suicídio. Estima-se que cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano, correspondendo a segunda principal causa de morte entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos (5).

 

Transtorno Depressivo Maior

A depressão maior é caracterizada pela apresentação de pelo menos cinco dos nove sintomas comuns. O mais comum dos sintomas é uma sensação de tristeza ou perda de interesse e prazer na maioria das atividades usuais.

 

Os outros sintomas associados à depressão maior incluem alteração do apetite, alterações de sono, agitação ou retardo psicomotor, fadiga constante, sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva e inadequada, pensamentos recorrentes de morte e ideação suicida com ou sem planos específicos para suicídio e dificuldades cognitivas, como diminuição da capacidade de pensar, concentrar e tomar decisões.

 

Transtorno Depressivo Persistente (distimia)

É caracterizado essencialmente por transtorno de humor, sendo um humor baixo, sombrio ou triste que está persistentemente presente durante a maior parte do dia e na maioria dos dias, por pelo menos 2 anos (crianças e adolescentes podem experimentar predominantemente irritabilidade e o humor persiste por pelo menos 1 ano).

 

Para que o indivíduo receba o diagnóstico de transtorno depressivo persistente, ele também deve ter dois dos sintomas diagnósticos; que incluem alterações de apetite, alterações de sono, baixa energia ou fadiga, baixa autoestima, baixa concentração, dificuldade em tomar decisões ou sentimentos de desespero.

 

Durante este período, os intervalos livres de sintomas não duram mais do que dois meses. Os sintomas são mais leves que na depressão. A depressão maior pode preceder o transtorno depressivo persistente, e episódios depressivos maiores também podem ocorrer durante o transtorno depressivo persistente.

 

Transtorno Disfórico Pré-menstrual (TDPM)

Caracterizada por uma extensão grave e às vezes incapacitante da síndrome pré-menstrual (TPM). As mudanças de humor no TDPM são mais graves e podem acometer áreas sociais, ocupacionais, entre outras. Tanto na TPM quando na TDPM, os sintomas surgem de sete a 10 dias antes do início do período menstrual e permanecem, nos primeiros dias do ciclo menstrual.

 

Podem causar sensibilidade mamária, distensão abdominal, fadiga e mudanças de sono e apetite. O TDPM é caracterizado por sintomas emocionais e comportamentais mais graves, como tristeza, ansiedade, tensão, mau humor extremo, irritabilidade ou raiva.

 

Transtorno de Ajustamento com Humor Deprimido

Diagnosticado quando os sintomas de depressão são desencadeados no período de três meses de um evento estressor. O evento estressor geralmente envolve algum tipo de mudança na vida do indivíduo, mesmo podendo ser um evento positivo, mas estressante.

 

Os sintomas geralmente desaparecem dentro de seis meses, quando a pessoa começa a se adaptar ao estressor ou quando o evento estressor é removido.

 

Muitos indivíduos que sofrem de depressão apresentam um histórico de transtorno de ansiedade no início da vida (4). No entanto, não há evidências de que um transtorno provoca o outro, mas há evidências claras de que muitas pessoas sofrem de ambos os transtornos. Leia mais em nosso texto sobre Farmacogenética para Ansiedade.

 

A gravidade dos sintomas e o número dos episódios está relacionado com a capacidade do indivíduo de manter suas atividades normais. Um indivíduo com um episódio depressivo leve terá alguma dificuldade de manter o trabalho normal e as atividades sociais, mas conseguirá exercê-las.

 

No entanto, durante um episódio depressivo grave, é improvável que o indivíduo seja capaz de continuar as atividades sociais, de trabalho ou domésticas.

 

Transtorno Bipolar

Consiste em episódios alternados de mania e depressão, separados por períodos de humor normal. Durante os episódios maníacos, o indivíduo apresenta um humor elevado ou irritável, atividade excessiva, autoestima elevada e diminuição do sono.

 

Tratamento para transtorno depressivo

O tratamento para transtorno depressivo inclui tratamento psicológicos, como ativação comportamental, terapia cognitivo-comportamental (TCC) e psicoterapia interpessoal (IPT), além de medicamentos antidepressivos como inibidores da recaptação da serotonina (ISRS) ou antidepressivos tricíclicos (TCAs).

 

Os medicamentos antidepressivos podem ser uma forma eficaz de tratamento para depressão moderada a grave. No entanto, segundo a OMS, não são a primeira escolha para casos de depressão leve, os quais incluem a psicoterapia, atividade física e intervenções psicossociais.

 

Papel da genética no transtorno depressivo

As variantes gênicas desempenham um papel significativo na depressão, influenciando tanto a predisposição ao transtorno quanto a resposta ao tratamento.

 

Uma dúvida frequente sobre o transtorno depressivo, é se ele é hereditário. Estima-se que a herdabilidade da depressão seja entre 30% e 50% (6), o que indica que uma parte significativa do risco de desenvolvê-la está relacionada a fatores genéticos.

 

Estudos de associação genômica ampla (GWAS) identificaram mais de 100 regiões genômicas (loci) associadas ao risco de depressão. Alguns desses genes estão ligados ao funcionamento de neurotransmissores, como serotonina, dopamina e norepinefrina, que são fundamentais na regulação do humor, além de estarem envolvidos no crescimento neuronal, função sináptica e processos inflamatórios relacionados à doença (7).

 

Contudo, a genética não é um fator isolado; ela interage com o ambiente. Pessoas com predisposição genética podem ser mais vulneráveis à depressão quando expostas a estressores significativos, como traumas ou adversidades na infância (8).

 

A genética também afeta a resposta aos tratamentos antidepressivos. Variantes nos genes CYP2D6 e CYP2C19 influenciam o metabolismo de muitos antidepressivos, impactando sua eficácia e risco de efeitos colaterais.

 

Essas evidências sobre a base genética da depressão têm múltiplas aplicações, como o desenvolvimento de novos tratamentos, a orientação sobre o risco do transtorno e a personalização das abordagens terapêuticas (9).

 

Como os testes genéticos podem auxiliar no tratamento de depressão

Testes genéticos são exames que avaliam o DNA. As variantes genéticas podem alterar a resposta normal do organismo, modulando a transcrição de proteínas e o desenvolvimento de doenças. Os testes genéticos visam fornecer informações importantes para diagnosticar, tratar e prevenir doenças.

 

A farmacogenética é uma especialidade da genômica que consiste na análise de variantes em genes responsáveis pelo metabolismo dos medicamentos, possibilitando uma melhor assertividade no tratamento e na dose do medicamento, auxiliando na escolha do medicamento com melhor efeito terapêutico e menor risco de eventos tóxicos adversos. Uma das maneiras de se fazer isso é por meio do teste FG Neuro Depressão.

 

O que o teste FG Neuro Depressão da SYNLAB analisa

O painel farmacogenético FG Neuro Depressão oferecido pela SYNLAB avalia variantes nos genes responsáveis pela expressão das principais enzimas envolvidas no metabolismo dos medicamentos mais comumente empregados no tratamento do transtorno depressivo:

 

  • Amitriptilina;
  • Bupropiona;
  • Citalopram;
  • Clomipramina;
  • Desipramina;
  • Doxepina;
  • Duloxetina;
  • Escitalopram;
  • Fluoxetina;
  • Fluvoxamina;
  • Imipramina;
  • Mirtazapina;
  • Moclobemida;
  • Nortriptilina;
  • Paroxetina;
  • Reboxetina;
  • Sertralina;
  • Trimipramina;
  • Venlafaxina;
  • Vortioxetina.

 

Como interpretar os resultados

Através da análise do painel farmacogenético FG Neuro Depressão oferecido pela SYNLAB, é possível classificar o paciente de acordo com o metabolismo e risco de toxicidade de cada medicamento:

 

  • Metabolismo padrão e risco de toxicidade padrão;
  • Metabolismo rápido e risco de toxicidade diminuído;
  • Metabolismo ultrarrápido e risco de toxicidade diminuído, no entanto, resposta terapêutica também diminuída;
  • Metabolismo intermediário e risco de toxicidade aumentado;
  • Metabolismo lento e risco de toxicidade alta.

 

Com estes resultados é possível auxiliar o médico solicitante na escolha do melhor medicamento e dose ao paciente, favorecendo um tratamento medicamentoso mais seguro e eficaz.

 

Como o médico deve solicitar o exame

Os profissionais de saúde devem ter em mente os possíveis efeitos adversos associados aos medicamentos antidepressivos e as preferências individuais.

 

O painel farmacogenético FG Neuro Depressão possibilita uma escolha mais efetiva do medicamento utilizado visando uma melhor resposta do tratamento, com uma redução do risco de efeitos tóxicos adversos.

 

Para quem é indicado?

O exame FG Neuro Depressão oferecido pela SYNLAB é indicado para:

 

  • Pacientes em tratamento com antidepressivos que queiram personalizar o tratamento baseado no seu perfil genético;
  • Pacientes com efeitos secundários aos fármacos;
  • Pacientes nos quais o tratamento com antidepressivos não apresente os resultados esperados.

 

Como é realizado o exame?

O exame é realizado com amostra obtida de uma única coleta de sangue por punção venosa. O exame consiste na análise de variantes nos genes CYP2C19 e CYP2D6, envolvidos na expressão das respectivas enzimas do citocromo P450, pela técnica de Sequenciamento de Nova Geração (NGS), proporcionando uma maior exatidão e agilidade no processo, alto rendimento e maior sensibilidade da análise (99%).

 

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Referências Bibliográficas

  1. Depressão. [s.d.]. Disponível em: https://www.paho.org/pt/topicos/depressao.
  2. Malhi, G. S., & Mann, J. J. Depression. The Lancet. 2018;392, 2299–2312.
  3. [s.d.]. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/depression.
  4. What is Depression? [s.d.]. Disponível em: https://adaa.org/understanding-anxiety/depression.
  5. [s.d.]. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/suicide.
  6. Kendall KM, Van Assche E, Andlauer TFM, Choi KW, Luykx JJ, Schulte EC, Lu Y. The genetic basis of major depression. Psychol Med. 2021 Oct;51(13):2217-2230.
  7. Howard, D. M, Adams, M. J, Clarke, T. K, Hafferty, J. D, Gibson J, et al. Genome-wide meta-analysis of depression identifies 102 independent variants and highlights the importance of the prefrontal brain regions. Nature Neuroscience. 2019;22(3), 343–352.
  8. Coleman, J. R., Gaspar, H. A., Bryois, J., Byrne, E. M., Forstner, A. J., et al. The genetics of the mood disorder spectrum: Genome-wide association analyses of more than 185000 cases and 439000 controls. Biological Psychiatry. 2020;88(2), 169–184.
  9. Lewis, C. M., & Vassos, E. Polygenic risk scores: From research tools to clinical instruments. Genome Medicine. 2020;12, 1–11.

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